A missão do consultor de processos
Por Jair Moggi
Assim como as flores que pendem e murcham com a noite para voltar com o sol nascente e abrir suas pétalas sob seu novo calor e luz.
Assim também meu espírito murcho levantou-se outra vez e uma quentura de vigor surgiu em minhas veias como seu eu nascesse de novo...
Meu guia! Meu senhor ! Meu mestre ! Conduza agora, então: uma só vontade servirá a nós dois nesse desafio.
.................................
Dante, A Divina Comédia II,4-35
O modelo arquetípico do consultor de processos, para nós, pode ser buscado no papel de Virgílio ao conduzir Dante através do inferno, do purgatório e do paraíso em direção ao monte da alegria, na sua Divina Comédia. Virgílio no decorrer da sua intervenção a pedido de Beatriz, age como um Líder Andragógico, como um terapeuta ou como um verdadeiro Consultor de Processos se quisermos usar a nossa linguagem.
Ao longo dessa jornada fantástica Virgílio sempre caminhou ao lado de Dante, para que no final ele pudesse "colher os frutos da liberdade"., após passar pelas tentações, malícias, violências, orgulhos, repressões, deturpações, fingimentos e outros perigos. Durante a jornada impressionava a Dante a atitude de Virgílio, ele o descreve sempre pelo seu "sorriso gentil e encorajador".
A Divina Comédia, como tantas obras literárias clássicas, fornece "insights" para muitas situações vivenciadas por um Consultor de Processos. A jornada angustiante e exemplar de Dante permanece como um dos maiores estudos de caso que essa profissão possui e é uma apresentação brilhante de um arquétipo do papel da consultoria moderna.
Numa abordagem mais pragmática desse arquétipo, que é o objetivo desse texto podemos dizer que o Consultor de Processos, - assim como Virgílio foi para o indivíduo Dante, ele deve ser para a entidade Grupo - alguém com habilidades, atitudes e comportamentos que criem condições e inspirem as pessoas para que individualmente e em grupo possam atingir seus objetivos. de forma compartilhada e criativa.
Para tanto, deve ser sensível ás necessidades das pessoas e capacitado ajudá-las a se envolverem em processos grupais para resolverem questões e problemas concretos. Deve também ter habilidade para ler situações psicossociais, sintetizar esses fenômenos e delinear caminhos e soluções para apoiar o grupo na direção dos desafios, pois para chegar ao paraíso e ao monte da alegria é necessário passar antes pelo inferno e purgatório, tomando cuidados para não ficar no limbo.
O Consultor de Processos preparado, está consciente dos complexos processos sociais envolvidos na interação grupal e no processo criativo, compreende-o primeiro em si mesmo para depois capacitar-se a ajudar outras pessoas a se perceberem e a se fortalecerem-se no trabalho em grupo. Sintetizando, diríamos que a natureza da atuação do Consultor de Processos, é antes de tudo alguém que conduz pessoas e grupos pelo caminho da descoberta ou o caminho andragógico.
Apresentamos a seguir algumas "dicas" e sugestões para que esse papel possa ser melhor exercido. O Consultor de processos deve:
Assim também meu espírito murcho levantou-se outra vez e uma quentura de vigor surgiu em minhas veias como seu eu nascesse de novo...
Meu guia! Meu senhor ! Meu mestre ! Conduza agora, então: uma só vontade servirá a nós dois nesse desafio.
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Dante, A Divina Comédia II,4-35
O modelo arquetípico do consultor de processos, para nós, pode ser buscado no papel de Virgílio ao conduzir Dante através do inferno, do purgatório e do paraíso em direção ao monte da alegria, na sua Divina Comédia. Virgílio no decorrer da sua intervenção a pedido de Beatriz, age como um Líder Andragógico, como um terapeuta ou como um verdadeiro Consultor de Processos se quisermos usar a nossa linguagem.
Ao longo dessa jornada fantástica Virgílio sempre caminhou ao lado de Dante, para que no final ele pudesse "colher os frutos da liberdade"., após passar pelas tentações, malícias, violências, orgulhos, repressões, deturpações, fingimentos e outros perigos. Durante a jornada impressionava a Dante a atitude de Virgílio, ele o descreve sempre pelo seu "sorriso gentil e encorajador".
A Divina Comédia, como tantas obras literárias clássicas, fornece "insights" para muitas situações vivenciadas por um Consultor de Processos. A jornada angustiante e exemplar de Dante permanece como um dos maiores estudos de caso que essa profissão possui e é uma apresentação brilhante de um arquétipo do papel da consultoria moderna.
Numa abordagem mais pragmática desse arquétipo, que é o objetivo desse texto podemos dizer que o Consultor de Processos, - assim como Virgílio foi para o indivíduo Dante, ele deve ser para a entidade Grupo - alguém com habilidades, atitudes e comportamentos que criem condições e inspirem as pessoas para que individualmente e em grupo possam atingir seus objetivos. de forma compartilhada e criativa.
Para tanto, deve ser sensível ás necessidades das pessoas e capacitado ajudá-las a se envolverem em processos grupais para resolverem questões e problemas concretos. Deve também ter habilidade para ler situações psicossociais, sintetizar esses fenômenos e delinear caminhos e soluções para apoiar o grupo na direção dos desafios, pois para chegar ao paraíso e ao monte da alegria é necessário passar antes pelo inferno e purgatório, tomando cuidados para não ficar no limbo.
O Consultor de Processos preparado, está consciente dos complexos processos sociais envolvidos na interação grupal e no processo criativo, compreende-o primeiro em si mesmo para depois capacitar-se a ajudar outras pessoas a se perceberem e a se fortalecerem-se no trabalho em grupo. Sintetizando, diríamos que a natureza da atuação do Consultor de Processos, é antes de tudo alguém que conduz pessoas e grupos pelo caminho da descoberta ou o caminho andragógico.
Apresentamos a seguir algumas "dicas" e sugestões para que esse papel possa ser melhor exercido. O Consultor de processos deve:
- Estar consciente que a sua missão é levar o grupo a descobrir seus próprios problemas.
- Trabalhar com perguntas e não com afirmações.
- Não cair na armadilha de voltar a discutir o conteúdo dos processos quando estiver conduzindo uma avaliação do mesmo.
- Lembrar-se que "o grupo tem sempre a razão" e o consultor não pode tirar mais do que o grupo pode dar.
- Considerar que os conceitos são extraídos no momento da intervenção e não concebidos anteriormente.
- Crer na capacidade das pessoas como seres criativos.
- Estar sempre aberto a idéias e pontos de vista, diferentes .
- Ter uma postura "socrática", adiando o julgamento das situações que se lhe apresentam, até que tenha um quantidade suficiente de dados, informações e insights".
- Não responder perguntas que ainda não foram feitas.
- Ter entusiasmo pelo que faz, mas ao mesmo tempo uma humildade autêntica evidente para com as pessoas com as quais trabalha.
- Rir de si mesmo. Ter senso de humor.
- Ser receptivo aos diversos tipos de pessoa.
- Desenvolver raciocínio rápido para montar cenários das possíveis situações que se conformam num processo grupal, isto é: no decorrer da intervenção v. deverá visualizar os conceitos que podem ajudar o grupo no próximo passo do grupo.
- Preparar perguntas e sínteses que inspiram o grupo a descobrir suas soluções e caminhos.
- Sentir-se confortável em situações ambíguas e conflituosas.
- Estar acima do "bem e do mal" para poder avaliar os fenômenos holísticamente.
- Sentir-se bem para trabalhar em situações desestruturadas.
- Saber identificar aspectos positivos nas contribuições dos participantes.
- Habilidade para juntar aspectos antagônicos de uma mesma situação.
- Humildade para manter-se em segundo plano, isto é lembrar-se que "o juiz de um jogo e tido como bom, quando os jogadores e a torcida não percebem a sua presença".
- Ser amável, interessado e otimista.
- Ser automotivado pela seu trabalho.
- Está alerta para pistas ou sensações não verbais.
- Tolerar tolices
- Conhecer de forma adequada a natureza dos problemas da Empresa cliente.
- Sabe buscar apoio e ajuda quando necessário.
- Praticar com a sua equipe de trabalho aquilo que prega com os clientes.
- Potencializar positivamente as diferenças individuais no grupo.
- Saber ouvir.
- Dar às pessoas tempo para pensar e responder.
- Dominar a metodologia e os conceitos de trabalho em grupo e se preocupa em aperfeiçoá-las constantemente.
- Conhecer a natureza dos problemas do cliente.
Para praticar essas recomendações ao interagir com entidades complexas, que são os Indivíduos, grupos e organizações, o Consultor de Processos deve entender que as técnicas que aprendeu durante a sua formação acadêmica não bastam e que é preciso algo mais que, necessariamente, não está nos livros . Esse algo advém da sua própria intuição que se desenvolve a partir da sua capacidade de observação, de estudo e de um processo de auto-desenvolvimento consciente que o habilita a ir alem do conteúdo das situações obvias preparando-o para "ver o invisível e ouvir o inaudível!
Ao iniciar esse artigo buscamos em Virgílio modelo arquetípico do consultor de processos e para terminá-lo, podemos ver em Virgílio, também, a razão humana. Isso é esclarecido por Dante ao longo da jornada por diversas vezes. mas a "razão" em Dante não significa de maneira alguma o nosso intelectualismo contemporâneo, ou raciocínio técnico, ou racionalíssimo. Significa o raio de ação da vida e das situações sobre as quais uma pessoa reflete ou pára para questionar.
Segundo Rollo May, em nosso tempo, a razão é tomada como lógica, pois ela é principalmente canalizada do hemisfério esquerdo do cérebro. Isso não descreve Virgílio: ele é um grande poeta imaginativo, não um lógico. A razão pode, se a tomarmos no sentido amplo de Dante, nos guiar em nossos infernos particulares. Dante em sua jornada, com o apoio de Virgílio, tem necessidade de outros guias alem da razão. e ele identifica a revelação e, especificamente, a intuição como forma suprema de orientação . Acredito que nós consultores e facilitadores, como Virgílio, precisamos ter o genuíno interesse em ajudar outras pessoas até o ponto em que elas possam "colher os frutos da liberdade" não sem lapsos compreensíveis da necessidade da presença do consultor, para que elas se movam a um lugar no tempo onde "a vontade seja livre, autêntica e inteira"
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