São Paulo - Como as músicas são colocadas no CD? Por que o navio não afunda? Qual a profissão de quem cria videogames? Quando pequena, eu perguntava muito. Cada resposta aumentava minha curiosidade. Fazia mais e mais perguntas até o ponto em que meus pais ou a professora não sabiam mais responder.
Perguntar é uma maneira de desvendar o mundo. Crianças perguntam muito, sem que os pais tenham de ensiná-las. Faz parte do crescimento, como aprender a engatinhar e a andar.
Perguntar é natural. Por isso me pergunto (olha eu aí perguntando outra vez): por que encontro tantos empreendedores com medo de perguntar? Será que na escola foram ridicularizados por terem feito perguntas consideradas óbvias ou repreendidos por questionamentos desconcertantes?
O empreendedor que não supera o medo está, logo de cara, em desvantagem perante seus competidores. Como entregar uma solução para o cliente sem entender a necessidade dele? Vai saber adivinhando?
A pergunta bem-feita é uma ferramenta incrível. É de graça. E serve para a situação mais simples diante de um possível cliente (“você tem disponibilidade para almoçar e conversar?”) ou pa­ra algo mais delicado (“você aceitaria ser conselheiro de nossa empresa?”). Veja alguns exemplos de perguntas que você deveria fazer.
Para clientes
• Quer testar um protótipo que minha empresa criou?
• Pode dar uma sugestão de como melhorar nossos produtos?
• Como podemos ajudá-lo a alcançar os objetivos de seu negócio?
• Quem poderia se interessar pelo nosso produto? Você poderia nos colocar em contato com essa pessoa?
Para funcionários
• Do que você mais gosta e do que menos gosta em nossa empresa?
• Se pudesse trabalhar em qualquer projeto, qual você escolheria?
Perguntar não tem contraindicações. Quando tinha 17 anos, decidi es­tudar no MIT. Descobri que o prazo para ser entrevistada por um ex-aluno (algo que fazia parte do processo) havia terminado. Consegui o endereço dele, apareci em sua casa e perguntei se era possível fazer a entrevista mesmo assim. Era.
Também perdi a data da inscrição para um exame importante. No dia da prova, fui à escola e perguntei se poderia fazer um exame extra. Deu certo. Havia uma alta probabilidade de não conseguir nada. Mas o que eu tinha a perder ao tentar? Já estava fora do jogo mesmo.
Medo de perguntar é um tipo de autossabotagem. Quem pergunta tem 50% de chance de ter um sim e 50% de ter um não. Você não pergunta porque teme uma negativa. Mas isso não dá nenhuma chance ao sim. Você fica com 100% de certeza de levar o não — que era o que você já tinha antes.